Você já parou para pensar em como os rótulos hoje em dia impactam diretamente as percepções que as pessoas têm sobre si e sobre os outros? É cada vez mais comum observarmos como as pessoas utilizam rótulos como se quisessem padronizar as pessoas, encaixando-as em suas devidas caixinhas.
Quando levamos essa reflexão para o ambiente de trabalho, é frequente observar esse aspecto quando tratamos da inteligência emocional, por exemplo. Aqui na Quest não foram poucas as vezes em que, ao traçarmos o briefing de vagas e o perfil do candidato ideal para os recrutadores, eles nos apresentaram a inteligência emocional como um pré-requisito importante e de valor para a sua contratação.
Mas o que isso significa na prática? O que de fato esses líderes estavam buscando para suas empresas?
Com o intuito de aprofundar a reflexão e de desmistificar esse conceito, a Quest preparou recentemente um webinar com o seguinte tema, Emoções sem rótulos: redefinindo a inteligência emocional. Caso você não tenha acompanhado, não se preocupe, poderá conferir o conteúdo na íntegra clicando AQUI.
No entanto, resolvemos trazer os principais aspectos dessa conversa também para o nosso blog. Acompanhe!
A hiper valorização dos rótulos
Durante o nosso webinar, o time de liderança da Quest teve a oportunidade de bater um papo com Eliz Marine Wiggers, uma especialista em Psicologia com vasta experiência em Mediação Social e com Mestrado em Psicologia. Na ocasião, Eliz pôde compartilhar insights sobre a redefinição da inteligência emocional, explorando como abraçar plenamente nossas emoções pode enriquecer nossas vidas.
Em uma de suas falas, ela destacou que ao tentar rotular as pessoas ou suas emoções, “perdemos a oportunidade de sermos quem somos, com nossas individualidades”. Ainda que estejamos inseridos em um mesmo contexto e tenhamos emoções similares, a forma de reagir e lidar com essas emoções é diferente para cada pessoa.
Quando tentamos enquadrar as pessoas e suas emoções a algum tipo de rótulo, reduzimos o indivíduo e não consideramos a singularidade própria de cada um.
Trazendo a reflexão para o nosso contexto, que diz respeito ao mercado de trabalho, é comum encontrarmos a justificativa de comportamentos e atitudes como forma de busca por pertencimento. Buscando assim, a validação de terceiros. “Os rótulos muito mais segmentam, do que geram pertencimento”, recordou Eliz.
Rótulos e preconceito
Por definição, a inteligência emocional consiste na habilidade de controlar as próprias emoções, no intuito de manter o equilíbrio diante das situações adversas que podem ocorrer no dia a dia. Embora nem sempre tenhamos o controle daquilo que nos ocorre, o que temos como capacidade é a habilidade de controlar como iremos reagir e lidar com os diversos tipos de acontecimentos ao nosso redor.
E como habilidade, a inteligência emocional pode ser desenvolvida a partir do conhecimento das próprias emoções, e assim, da maneira correta de controlá-las e equilibrá-las, como também, a partir do desenvolvimento da automotivação e empatia, por exemplo.
Acontece que ao tratar da rotulação de nossas emoções, deve-se ter atenção para não reduzir o indivíduo as suas emoções e nem se basear nelas somente para que o indivíduo seja aceito ou rejeitado em um ambiente, por exemplo.
Eliz recordou no webinar que o “o nome da pessoa vem antes do diagnóstico”. Assim como é comum observarmos pessoas que se apresentam por aquilo que fazem, as atividades que desempenham, ao invés de dizer quem são realmente a partir de suas características, tem se tornado comum apresentações acompanhadas de seus diagnósticos: TDAH, ansioso, bipolar…
É preciso, portanto, compreender as singularidades de cada pessoa para poder bem acolhê-las e promover um ambiente inclusivo. Ainda que se tenha um diagnóstico a ser considerado, somos diferentes uns dos outros e precisamos enxergar o outro para além do seu diagnóstico.
Desconstruindo o conceito de Inteligência Emocional
A inteligência emocional como habilidade comportamental tem sido bastante valorizada atualmente por parte das empresas. Contudo, nem todos os líderes possuem clareza do que realmente desejam de seus colaboradores a partir dessa habilidade.
Por isso, ao traçar o perfil das vagas junto aos líderes, nós, aqui na Quest, muitas vezes precisamos aprofundar a reflexão e entender por parte de cada cliente: O que significa ser inteligente emocionalmente para a sua empresa?
Além disso, há de se refletir sobre um outro fator. Para que uma pessoa possa digerir e controlar as próprias emoções de maneira intencional, muitas vezes ela necessita de um tempo para isso.
Contudo, com a dinâmica cada vez mais agitada dos ambientes profissionais, em que muitas urgências são colocadas em pauta, ainda não normalizamos a necessidade de assimilar as emoções que nos geram incômodos. É preciso então, promover ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis.
Embora a reflexão acerca deste tema tenha evoluído nos últimos anos, ainda não chegamos a soluções concretas para esses desafios. Por fim, Eliz destacou que as emoções têm uma função para mudar uma realidade e elas fazem parte de quem nós somos. Diante disso, como as empresas podem desenvolver ambientes inclusivos?
Abertura ao diálogo
Os espaços de trabalho raramente são seguros. As pessoas precisam se sentir confortáveis e acolhidas para expressarem livremente quem elas são e como elas se sentem.
Escuta atenta e acolhedora por parte das lideranças
Para a construção sadia desse diálogo, se faz necessário uma escuta atenta, isenta de julgamentos, acolhedora e receptiva às diferenças.
Repensar as estruturas das empresas e setores internos
É necessário que as lideranças analisem e pensem de maneira honesta e transparente a estrutura de suas empresas. Avaliando-se, de fato, seus ambientes de trabalho têm proporcionado esse espaço acolhedor e de escuta para os seus colaboradores.
Por que a Quest puxou esse tema?
Em um mundo onde rótulos muitas vezes limitam a verdadeira essência das pessoas, a busca pela inteligência emocional emerge como uma jornada individual, livre de estereótipos. O nosso webinar, "Emoções sem rótulos: redefinindo a inteligência emocional", quis de alguma forma abrir um caminho mais responsável de diálogo e assumir a necessidade de abraçar plenamente nossas emoções, sem a obrigação de rotular.
Em ambientes de trabalho, a busca por pertencimento muitas vezes se perde nos rótulos, esquecemos a riqueza da singularidade de cada indivíduo.
Por isso, nosso apelo à desconstrução do conceito de inteligência emocional, que possamos promover discussões a partir do verdadeiro significado dessa habilidade dentro das empresas, isso vai permitir aos líderes promoverem ambientes seguros que acolham as emoções.
A provocação final é clara: Como as empresas podem construir espaços inclusivos que celebram a autenticidade de cada colaborador? O desafio persiste, mas a abertura ao diálogo e a reformulação de estruturas internas são passos cruciais para moldar ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis.
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